III Reunião de Presidentes da América do Sul

Excelentíssimo Senhor Alejandro Toledo, Presidente da República do Peru,
Senhores Presidentes da América do Sul,
Senhores Vice-Presidentes de países da América Latina,
Meus amigos,
Minhas amigas,
Ministros,
Meus companheiros e minhas companheiras,

A obra da Rodovia Interoceânica que o Peru e o Brasil estão lançando, hoje, é muito mais do que um projeto bilateral.

Estou convencido de que interessa a todos os países aqui representados. Mostra que a Comunidade Sul-Americana de Nações que estamos inaugurando não é mero exercício de retórica. É a expressão do empenho de nossos países em superar as distâncias que ainda nos separam.

Esta obra, há muito esperada, sintetiza nossa vontade de fazer da geografia nossa maior aliada. A integração da infra-estrutura física da América do Sul significa não apenas novas oportunidades de comércio e de acercamento entre nossos países.

É também requisito para que o continente possa inserir-se de forma mais competitiva numa economia globalizada. Ao nos integrarmos para dentro, estamos também nos integrando com o mundo.

Este projeto ambicioso exige que mobilizemos fontes inovadoras de financiamento. O contrato entre o governo peruano e a CAF para a construção da Rodovia confirma o compromisso desta instituição com a construção da Comunidade Sul-Americana de Nações.

De norte a sul, o Brasil está participando de projetos prioritários para nossa região nos campos do transporte, das comunicações e da energia:

– a ponte sobre o rio Orinoco, na fronteira com a Venezuela;

– a Hidrelétrica San Francisco, no Equador;

– a ponte Assis Brasil-Iñapari, na fronteira com o Peru;

– as importações de energia do Paraguai, da Venezuela e da Bolívia;

Рo desenvolvimento da regịo do Rio Madeira;

– a segunda ponte sobre o rio Paraná, na fronteira com o Paraguai;

Рo corredor Bioce̢nico entre Santos e Antofagasta, no Chile;

Рa segunda ponte do rio Jaguaṛo, na fronteira com o Uruguai; e

– a duplicação da auto-estrada do Mercosul.

Todos esses projetos objetivam a aproximação entre nossos países e o bem-estar de nossos povos.

Têm ainda o mérito de atender as populações marginalizadas e muitas vezes esquecidas. E é essa, a meu ver, a integração que buscamos. Um processo que nos una e nos aproxime, mas também distribua, de forma mais equilibrada, seus benefícios.

Essa integração inclusiva e solidária, que supera as rivalidades e as desconfianças do passado, é parte de um processo de amadurecimento político de nosso continente.

Por meio de um diálogo intenso, em que tem prevalecido a convergência de valores e ideais, seguiremos trabalhando em favor da criação de uma América do Sul mais próspera, mais justa e, sobretudo, mais confiante em suas próprias capacidades.

Meus amigos e minhas amigas,

eu quero reiterar, aqui, o que já disse, individualmente, a cada Presidente, em todas as reuniões de que participamos.

O Brasil não é um país rico. O Brasil tem seus problemas, como problemas tem todos os países que estão aqui. Mas o Brasil sabe a importância que tem a sua participação política no processo de integração.

E estejam certos que nós iremos continuar fazendo todo esforço que estiver ao nosso alcance, todas as conversas possíveis e necessárias, todas as viagens que forem necessárias, para que a integração sonhada por Bolívar, definitivamente, se concretize nos próximos anos, no nosso continente.

Muito obrigado e boa sorte.